Lyrics
(Refrão)
Eu tento perdoar, mas a mágoa não se vai,
Quem tá de fora não entende, o ódio que arde, a alma que cai.
(1º Verso)
Nasci em '98, na casa de quem me deu o mundo,
Grávida de nove meses, viam-me como o próximo imundo.
Meu pai na labuta, corria pra dar o sustento,
Enquanto minha mãe, na Rocinha, enfrentava um momento tenso.
(2º Verso)
Na tarde de janeiro, 17 estoura a bolsa,
No meio da operação, a urgência me engolha.
Sem ambulância à vista, o caos invade a história,
Nasci prematuro, no banco de trás, primeira glória.
(Refrão)
Tento perdoar, mas a mágoa não se vai,
Quem tá de fora não entende, o ódio que arde, a alma que cai.
(3º Verso)
Adolescência vem, convites de culto e crime,
Prometendo respeito, dinheiro, e a fama sublime.
Iludido, mergulhei na ambição desmedida,
Perdi e ganhei, na jornada sem medida.
(4º Verso)
No rap encontrei sentido, na arte a redenção,
Fiz família, com talento e devoção.
Mas o fardo do karma, ou sina que me castiga,
Na ausência materna, a dor persiste e me obriga.
(Refrão)
Tento perdoar, mas a mágoa não se vai,
Quem tá de fora não entende, o ódio que arde, a alma que cai.
(5º Verso)
Aos 18, mãe reencontro, homem diante dos olhos,
Pesares e tristezas, do tempo que passou sozinho em despojos.
Desculpas tardias, presença ausente em tantos instantes,
Ligação cortada, datas esquecidas, tão distantes.
(6º Verso)
Cresci nas ruas, mãe ausente mas presente,
Curou feridas, ensinou-me a ser valente.
Sigo, com fé e não sorte, na estrada incerta,
Neurose de uma mãe distante, não derruba, nem afeta.
(Refrão)
Tento perdoar, mas a mágoa não se vai,
Quem tá de fora não entende, o ódio que arde, a alma que cai.